CURIOSIDADES

Liderança Maçônica na Revolução de 32

A maçonaria, instituição milenar e consciente dos princípios que a norteia, Liberdade, Igualdade e Fraternidade, foi uma das associações mais participativas na Revolução Constitucionalista de 1932.

Em outras épocas, a maçonaria também participou de movimentos que preservasse a liberdade dos homens: A Independência do Brasil, Libertação dos Escravos, República entre outros, sempre através de seus membros que realmente sabem o papel que representam na sociedade.

A Revolução Constitucionalista de 1932 teve em suas lideranças diversos maçons, entre os quais se incluía o Governador do Estado.

– Francisco Rangel Pestana – Jornalista, fundador e diretor do jornal O Estado de São Paulo, pertencente ao Quadro da Loja América, de São Paulo.

– Ibrahim Nobre – Escritor, advogado e promotor público, foi chamado de o Tribuno da Revolução. Iniciado em Santos.

– Júlio Mesquita – Jornalista, fundador e presidente do jornal O Estado de São Paulo, pertencente ao Quadro da Loja América, de São Paulo.

– Júlio de Mesquita Filho – Jornalista, presidente do jornal O Estado de São Paulo, líder civil da Revolução de 1932, do Quadro da Loja União Paulista II, de São Paulo. E um dos fundadores da GLESP – Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo.

– Júlio Prestes – Político, presidente (governador) de São Paulo, eleito presidente do Brasil, em 1930. Não tomou posse devido ao Golpe de Vargas. Pertencente à Loja Piratininga, de São Paulo.

– Pedro de Toledo – Embaixador do Brasil e Governador aclamado de São Paulo. Foi Grão-Mestre do GOESP.

– Washington Luiz – Advogado, foi presidente (governador) de São Paulo e presidente do Brasil de 1926 a 1930 (destituído pelo golpe militar). Fundador e 1º Venerável da Loja Filantropia II, de Batatais.

Sociedade Veteranos de 32 – MMDC

Anos após o término dos combates, os participantes da revolta formaram a Sociedade de Veteranos de 1932-MMDC, que veio a ser oficializada somente em 1954.

Sua sede está localizada na Rua Anita Garibaldi, 25, no centro de São Paulo. A Sociedade dos Veteranos de 32 – MMDC – possui este nome em homenagem a quatro jovens, mortos em combate na revolução: Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo.

Com o lema “São Paulo forte, para um Brasil unido”, a entidade tem por fim precípuo preservar, na memória do povo paulista, a dignidade e a grandeza do Movimento Constitucionalista de 32.

Em cumprimento às suas finalidades a Sociedade promove eventos cívico-militares e religiosos visando a rememorar os feitos e figuras expressivas do Movimento Constitucionalista de 32;congrega os sócios em um corpo único, com o intuito de defender, intransigentemente, os interesses coletivos da classe;

presta assistência social a veteranos, suas viúvas e dependentes; fornece material didático aos que estiverem cursando até o 2º Grau; imortaliza os despojos dos heróis constitucionalistas no Monumento Mausoléu;

organizar e atualiza um Memorial Constitucionalista “9 de julho” e um Arquivo Histórico e Biblioteca do Movimento Constitucionalista; realiza cursos e conferências sobre o Movimento Constitucionalista;

promove visitação a lugares históricos do Movimento Constitucionalista; defende o modo de vida brasileiro e as tradições, ideais e interesses da Pátria, em concordância com os preceitos constitucionais, intransferíveis e impostergáveis, atribuídos a todos os brasileiros.

Entre as diversas atividades promovidas anualmente pelo grupo está a escolha dos quatro membros do comando do “Exército constitucionalista”, cargo simbólico com mandato de um ano. Seu presidente é o militar reformado Gino Struffaldi, de 96 anos. Segundo a sociedade, 400 ex-combatentes estão vivos.

Outra função da entidade é zelar pelo Monumento Mausoléu do Soldado Constitucionalista de 1932, no Ibirapuera. O museu abriga fotos, documentos, livros, objetos e recortes de jornais referentes à revolução. A entidade também organiza e está presente em datas importantes, como 23 de maio, 9 de julho (início da revolução) e 2 de outubro (fim dos combates). O obelisco do Ibirapuera simboliza uma espada fincada, ferindo o coração do Estado de São Paulo.

Acorda São Paulo!
9 de julho de 1932: Estoura a Revolução

No dia 9 de julho, 23h30, o comando da 2ª Região Militar se rebela, invade as duas emissoras de rádio paulistanas.

O Correio e a Companhia Telefônica caem nas mãos dos revolucionários e começa a luta armada.

Está deflagrada a Revolução Constitucionalista. Cria-se o MMDC – sigla formada a partir de Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo, organização civil clandestina que oferecia treinamento militar entre outras atividades. São Paulo recebe apoio dos Estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Mato Grosso.

No dia 10 de julho é iniciada a campanha de alistamento voluntário. Na Faculdade do Largo São Francisco estudantes de Direito formam o Batalhão Universitário. As entidades civis, ACM-Associação Cristã de Moços, Rotarys, Lions, Maçonaria, Associação Comercial de São Paulo, FIESP- Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, etc., todas se mobilizam produzindo para a guerra. Fardas, agasalhos e meias para os soldados eram confeccionados pelas mulheres paulistas.

A FIESP incumbiu suas associadas em um esforço de guerra à produção de material bélico. A Escola Politécnica empresta seus professores, engenheiros e estagiários para supervisionarem a produção. Granadas, cantis, capacetes de aço, veículos e trens brindados, armas leves e canhões de grosso calibre foram fabricados nas indústrias paulista.

A 14 de julho, a Associação Comercial de São Paulo e os bancos lançam a campanha “Doe ouro para o bem de São Paulo”, para lastrear a moeda de guerra instituída por decreto pelo governador Pedro de Toledo.

Milhares de pessoas de todas as classes sociais doaram pratarias, joias, pulseiras de ouro e os menos abastados doaram suas alianças de casamento.

A imprensa através dos jornais Correio Paulistano e a Folha de São Paulo até serem “empastelados”, foram instrumentos importantes como divulgadores do movimento.

O jornal O Estado de São Paulo resistiu ao furor ditatorial. No dia 25 de janeiro de 1932, o principal líder civil do movimento, o jornalista Júlio de Mesquita Filho, já havia comprovado sua liderança quando 100 mil pessoas em passeata da Praça da Sé até a sede do jornal na Rua Boa Vista, foram ouvi-lo em um inesquecível discurso:

“Anulada a autonomia de São Paulo, o Brasil se transformou num vasto deserto de homens e de ideias. E, se o nosso afastamento da direção da coisa pública equivaleu à implantação do caos e da desordem em todo o território nacional, a ordem, a tranquilidade, a disciplina, em uma palavra, o império da Lei e da Justiça só poderá ser restabelecido no dia em que São Paulo voltar à sua condição de líder insubstituível da Nação”.

Julinho como era conhecido foi membro da Loja Maçônica União Paulista II de São Paulo; Guilherme de Almeida e Menotti De Picchia alimentavam cada vez mais a chama acesa do movimento com reportagens e poemas na imprensa; As rádios paulistas são utilizadas para divulgação do movimento e o radialista Cesar Ladeira da Rádio Record ficou conhecido como “A Voz da Revolução”; Pedro de Toledo é proclamado governador do Estado de São Paulo. Todo o estado trabalhou e lutou com garra para a vitória da causa paulista.

Foram abertas três grandes frentes de batalha: nos limites do Paraná, das Minas Gerais e no Vale do Paraíba. As tropas enviadas para Itararé, divisa com o Paraná, retiraram-se antes da chegada dos 18 mil soldados das tropas governistas. A batalha mais importante na frente de Minas Gerais foi no Túnel da Mantiqueira.

As tropas paulistas penetraram pelo Sul de Minas sendo barrados na cidade de Pouso Alegre e repelidos pelas tropas federais em direção à Campinas. Cidades próximas as divisas de Minas Gerais, (Itapira, Atibaia, Bragança Paulista entre outras) foram ocupadas pelas tropas federais e travaram combates com os paulistas.

Principal acesso para o Rio de Janeiro, o Vale do Paraíba, foi visto pelos paulistas como teatro principal da guerra. A estratégia previa a conquista da cidade de Rezende, que chegou a ser bombardeada pela artilharia paulista, mas, a previsão de uma marcha rápida para o Rio foi obstada pelas tropas federais e com a falta de apoio de Minas Gerais, foram obrigados a bater em retirada para as divisas paulistas.

Na cidade de Cunha, o agricultor Paulo Virgino tornou-se um herói e mártir, porque mesmo sob torturas, não revelou às tropas federais onde estavam posicionadas as tropas paulistas. Não resistiu as torturas, foi morto, mas graças a sua lealdade os paulistas venceram em Cunha, impedindo o avanço das tropas inimigas sobre a Serra do Mar. O desequilíbrio bélico era desproporcional. Enquanto os revolucionários paulistas tinham uma metralhadora para 50 homens, as tropas enviadas do Rio de Janeiro tinham uma metralhadora para cada três soldados.

A Guerra Paulista de 1932

Legenda: Cartão-postal em homenagem ao MMDC, com as inscrições em latim: Dulce et decorum est pro patria mori (“é doce e honrado morrer pela pátria”), Pro brasilia fiant eximia (“pelo Brasil faça-se o melhor”), Non ducor, duco (“não sou conduzido, conduzo”) e In Hoc Signo Vinces (“Com este sinal vencerás”)

O professor Sólon Boges dos Reis fala que: “o povo paulista deu provas de possuir extraordinários valores sociais, morais e cívicos, entre os quais: Capacidade – lutando só sem a ajuda de outros Estados brasileiros; União – só foi possível a Revolução de 32 porque os paulistas demonstraram, através de homens, mulheres e até crianças de todos os segmentos sociais, a união como em um corpo só para lutarem pela Lei; Idealismo – uma das marcas mais notáveis dos paulistas que não só conservaram nas ideias; Patriotismo – pois o que queriam os paulista não era apenas para São Paulo, mas para o Brasil inteiro. Por isso o governador Pedro de Toledo mandou inscrever no brasão de São Paulo: Pro Brasilia fiant eximia (Tudo pelo Brasil)”.

O movimento de 9 de julho foi deformado pela ditadura! O governo provisório de Getúlio Vargas conquistado com a Revolução de 1930, com o objetivo de contar com o concurso de todo o País e assim combater os esforços do povo de São Paulo para a restauração da legalidade e dos princípios sempre vigorantes no Brasil, espalhou por todos os quadrantes que São Paulo aspirava separar-se do Brasil, ideia repelida por todos os brasileiros, quando na realidade as elites paulistas almejavam reaver o domínio político que haviam perdido com a revolução de 1930, não a interferência federal nos estados e a convocação de uma Assembleia Constituinte.

O quadro político que se apresentava na época era um poder centralizado, governo provisório organizado por Getulio Vargas para fortalecer o Estado, atraindo para esse seu projeto os militares e trabalhadores urbanos, com um discurso nacionalista apelando ao sentimento pátrio e oferecendo aos trabalhadores uma legislação trabalhista paternalista.

As oligarquias ressentiram-se, pois, perderam o controle político em seus estados e suas influências a nível nacional. O Congresso Nacional foi fechado por Getulio Vargas, assim como os legislativos estaduais, municipais e os partidos políticos; os governadores depostos e, colocados em seus lugares, os interventores nomeados por ele, exigindo deles o abandono do liberalismo por um discurso autoritário, como elemento necessário para a formação de um novo modelo político e econômico. Em São Paulo foi nomeado como interventor João Alberto Lins de Barros, tenente promovido a coronel na Revolução de 1930, que mal recebido pela oligarquia paulista foi apelidado de “O Forasteiro”.

No dia 23 de maio de 1932, eclodiram na Capital paulista manifestações contra Getulio Vargas em clima de revolta e violências, quando um grupo de trabalhadores e estudantes fazia manifestações próximo a Praça da República, soldados governistas abriram fogo e mataram os jovens Mário Martins de Almeida, Euclides Miragaia, Dráuzio Marcondes de Souza e Antonio Camargo de Andrade. Também o estudante Orlando de Oliveira Alvarenga foi ferido vindo a morrer depois no hospital. A repercussão do ocorrido fez com que exaltasse o sentimento pátrio, brotando nos corações paulistas o ideal de liberdade e peitos se abriram para a luta.

São Paulo perde de cabeça erguida

A vitória já soava inviável e mais nada adiantaria a carnificina dos jovens e dos valentes combatentes paulistas. Flores da Cunha havia impedido a vinda das tropas do Rio Grande do Sul.

O general Bertoldo Klinger veio do Mato Grosso sem as armas e as tropas que prometera. Minas Gerais ficou de fora e as munições que mandou para as tropas paulistas não detonavam. Ficaram famosos os aparelhos chamados “matracas” que emitiam som de tiros de metralhadora para intimidar os inimigos. São Paulo lutava sozinho sob a égide da traição.

O comandante geral da Força Pública do Estado de São Paulo, coronel Herculano Silva, fez a rendição das tropas paulistas em troca do compromisso de as tropas federais não penetrarem no município de São Paulo, o que foi para os demais comandantes militares como Klinger, Isidoro e Euclides Figueiredo, um ato imperdoável de alta traição.

A Revolução Constitucionalista de 32, durante quase três meses, 9 de julho a 2 de outubro (87 dias) envolveu 135 mil brasileiros, dos quais cerca de 40 mil combatentes paulistas, a grande maioria voluntários civis.

Dados oficiais estimam que 934 paulistas deixaram suas vidas em defesa de seus ideais libertários. Cerca de 200 soldados das tropas federais morreram em combate. Seus principais líderes foram presos e deportados, Julio de Mesquita Filho e mais 75 companheiros embarcaram para o ostracismo a bordo do navio português Pedro l, conscientes do dever cumprido, pois, a derrota militar de São Paulo foi compensada pela vitória política quando da convocação da assembleia para os trabalhos da nova Magna Carta no dia 3 de novembro de 1933.

Mas, o tempo passou tudo mudou desde então, quando o homem tinha o bom senso de viver em sociedade cônscio do papel que representava, como aqueles heróis que lutaram e deram suas vidas para fazer uma pátria melhor para seus compatriotas e, deixam para a história, seu famoso dístico de protesto do revolucionário paulista de 32: “Não esquecemos; Não transigimos; Não perdoamos”.

Do povo para o povo

É necessário por parte do povo o conhecimento das instituições que se embasa este mesmo povo, pois, quem vive em uma sociedade sem a consciência de como ela está organizada e sem saber o papel que nela representa, não é mais do que um autômato, sem inteligência e sem vontade.

É esta a real posição da maioria de nossos homens do povo, não participando em nada que possa modificar o panorama político que vemos repetidamente, onde a corrupção impera, a imoralidade avança e a ética se perdeu no calabouço da insensatez, afirmando cada vez mais o que dizia Santo Agostinho que, como sempre, responde aos problemas atuais: “Se um povo é sério e prudente, zeloso pelo interesse público, é justo que se faça uma Lei que permita a esse povo dar a si mesmo os magistrados. Entretanto, se tornado pouco a pouco depravado, esse povo tornar venal seu sufrágio, entregando o governo à celerados e infames, é justo que se retire a faculdade de conferir os cargos públicos, e se volte ao sistema de sufrágio limitado à algumas pessoas idôneas”.

Será preciso lembrar que passamos por uma crise moral, onde se prestigia homens públicos canalhas que escondem dólares nas cuecas, desviam recursos para si próprios da saúde e da educação, apropriam-se de “over prices” e verbas de obras públicas, verbas do erário, dinheiro do povo que deveria converter-se em bens para esse mesmo povo!

Quanto mais corrupto mais querido é neste nosso Pais, provando que o povo não sabe votar, se não, não elegeria tantos políticos sabidamente corruptos e mandatários que atuam hoje no poder as vistas cegas da Justiça, comprando votos ao arrepio da Lei com cestas básicas, auxílio às pessoas com verbas em forma de salários e cargos públicos, etc., etc..

Por muito menos em outros países onde impera a Justiça, a moral e a ética, políticos corruptos são julgados pelos seus crimes, cassados de seus diretos políticos, condenados e levados ao cárcere. Quantos acusados por corrupção se suicidaram de vergonha? Por muito menos em um passado glorioso, em 9 de julho de 1932 homens de caráter e de coragem, levaram São Paulo a guerra contra todos os demais estados da Nação, exigindo a legalidade em um sistema democrático, com Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Estamos próximos às eleições quando elegeremos nossos mais altos mandatários e, é bom lembrar, de que saímos de uma derrota jogando ao chão o mais fervoroso sentimento futebolista verde e amarelo, só arrefecido para uma grande maioria com a derrota, infelizmente, da seleção argentina. Vamos mostrar como no futebol, o mesmo sentimento pátrio nas eleições de outubro e, aprenderemos a votar, fazendo valer o mais valoroso dos bens que dispõe o homem do povo em uma democracia, o seu voto, e só assim seremos “pessoas idôneas de Santo Agostinho”.

Extraído do site http://www.correiopaulistano.com.br/

Nota do Grão Mestre do Amazonas Antonio Loureiro.

Esta revolução não é só de São Paulo. A Fortaleza de Óbidos também rebelou-se e a sua guarnição apossou-se de um navio transportador de sal, o Jaguaribe,e um navio de 200t, o Andirá, armados com canhões da fortificação. Tomaram Parintins e se dirigiram a Itacoatiara. Ali aguardando a rendição foram abordados por diversos navios, vindos de Manaus, entre os quais o Baependi e o Ingá, ambos com mais de 4.000 toneladas.

Deu-se então a célebre Batalha Naval de Itacoatiara. Os dois grandes navios colocaram a pique, por colisão, os dois pequenos dos rebeldes, com algumas de dezenas de vítimas e muitos prisioneiros, ficando tudo em sigilo.

A Batalha Naval de Itacoatiara até a invasão das Malvinas, era única deste tipo, na América América do Sul, no século XX.

Esta reportagem é um homenagem ao meu avô materno que lutou na Revolução de 32 (Zacharias Sales do Nascimento), minha filha Giovanna desfilou no Grupo de Escoteiros São Paulo nº 1 em homenagem aos Heróis de 32.

T∴F∴A∴

Ir∴ FColacioppo

 

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