*ESCOCÊS RETIFICADO – R.E.R*

Os Diretórios Escoceses Na França
Pelo B.:A.:I.: Deputado Mestre Custódio Junqueira Ferraz

O regime Escocês Retificado também originou-se da introdução na França, dos diretórios escoceses em 1773 e em 1774 pelo Barão de Weiler, que retificou certas lojas existentes em Estrasburgo segundo o rito da Estrita Observância Templária da Alemanha, cujo Grão-Mestre da loja de Saxe (região da Alemanha Oriental) era o Barão de Hund. Após uma longa troca de correspondências com Willermoz, Weiler instala em 1774 em Lyon o primeiro Grande Capítulo da região e colocou Willermoz como chefe ou delegado regional. Nesse mesmo ano, outros diretórios foram constituídos em Montpellier e em Bordeaux, cidade onde residia Martinez. O sistema era inicialmente constituído de 9 graus, consistindo de três classes:
Primeira Classe: Aprendiz, Companheiro e Mestre;
Segunda Classe: Escocês vermelho e Cavalheiro da Águia Rosa Cruz;
Terceira Classe: Escocês Verde, Escudeiro Noviço, Cavaleiro e Professos.
Os Professos eram considerados SUPERIORES INCÓGNITOS, pois não eram conhecidos dos membros da Ordem. Seu chefe, que mais tarde tornou-se conhecido, era o Duque e Príncipe Ferdinand de Brunswick, que possuía o título de Grande Superior da Ordem.

O Convento De Gaules (Lyon, 1778)
Uma reunião, chamada “O Convento de Gaules”, se desenvolveu de novembro a 10 de dezembro de 1778, em Lion, por provocação de Willermoz. Dedicou-se a reformar a “Província Auvergne da Estrita Observância” e foi nesta ocasião que os Templários da França e Alemanha adotaram o nome de CBCS. Na realidade esta Convenção começou a ser gestada em 1776 e sua realização foi marcada para o mês de outubro de 1778.
O sucesso das lojas do Rito Escocês Retificado foi total na França, principalmente porque elas eram
oriundas das tradições templárias e sobretudo porque seus chefes eram nobres autênticos, príncipes, duques, barões, e as iniciações eram muito seletivas. Nessa mesma época, estava se instalando o Grande Oriente da França, que fez questão de agrupar os Diretórios Escoceses sob sua égide e um tratado foi assinado nesse sentido. Esses diretórios não tinham uma direção central na França e uma união era preconizada por todos. Entretanto as desavenças em vez de diminuírem, aumentaram. O próprio Willermoz escreveu ao Príncipe Charles de Hesse, queixando-se que Weiler não conhecia nada sobre “as coisas essenciais”.
O grande superior Ferdinand de Brunswick procurava desesperadamente a doutrina e a coesão que faltava. Os Lyoneses detinham há 11 anos o sistema de Martinez de Pasquallys, doutrina que poderia interessar aos Diretórios. Willermoz e Louis Claude de Saint-Martin de maneira muito oculta, prepararam as coisas com cuidado.
Eles conseguiram iniciar Jean de Turkeim e Rodolphe de Salznan na Ordem dos “Elus Cohens”, homens de grande importância no seio da Estrita Observância Templária do Diretório de Estrasburgo. E esses dois homens desempenharam um papel muito importante quando os ocultistas de Lyon apresentaram sua proposta dos conventos que iriam realizar no futuro.
Com os espíritos preparados, segundo a doutrina de Martinez, os Lyoneses convocaram o Convento de Gaules em 1778, em Lyon. As grandes figuras da Estrita Observância Templária estiveram presentes em Lyon, mas preocuparam-se essencialmente com o futuro administrativo da Maçonaria. Willermoz demonstrou, desde logo, que a preocupação deveria nortear-se sobre o verdadeiro objetivo da Maçonaria, suas diretivas de estudos que deveriam orientar-se na busca da Divindade.
No transcurso dos trabalhos, decidiram distinguir as lojas simbólicas das lojas da Ordem Interior e substituir por Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa a palavra Templário. Os rituais apresentados pelos Lyoneses foram aprovados, assim como as instruções secretas de Willermoz, tiradas do “Tratado da Reintegração dos Seres Criados”‘ de Martinez de Pasqually. O objetivo primeiro da Maçonaria seria comunicado somente aos iniciados nos dois últimos graus, aqueles de “Professo” e do “Grande Professo”. A denominação de Superior Incógnito, que tinha sido condenada anteriormente, foi ressuscitada no convento, e era designada àqueles portadores de alta doutrina da Ordem. Entretanto, o verdadeiro objetivo da Maçonaria, permanecia desconhecido por todos aqueles que não tinham entrado realmente dentro da iniciação, embora portassem títulos de nobreza e
mesmo os altos graus do “Rito Escocês Retificado”. Além disso, havia várias tendências maçônicas e de outras sociedades espiritualistas que colocavam uma grande confusão nas mentes dos vários grupos maçônicos, oriundos de regiões diferentes. Havia assim, a necessidade da realização de um outro convento.E este seria o Convento de Wilhemsbad.
Convento De Willelmsbad De 1782
Foi assim que quatro anos mais tarde, em 1782, realizou-se outro convento em Willelmsbad na Alemanha, com um número maior de participantes em relação àquele efetivado na cidade de Lyon em 1778. As reuniões duraram 45 dias e lá estavam presentes Willermoz e Saint-Martin, bem como representantes dos Filaletes, dos Iluminados da Baviera, etc, todos ligados à Estrita Observância Templária.
A diversidade de idéias e de opiniões, impediu que se chegasse a um denominador comum e que se definisse com precisão a doutrina da Ordem. Desta maneira, acabou-se mantendo as mesmas resoluções do Convento de Lyon, inclusive a doutrina de Martinez. Abandonou-se definitivamente a pretensão da descendência direta dos Templários, evocando-se, entretanto uma filiação espiritual, oriunda do Mundo Invisível.
As classes de Professo e Gran Professo desapareceram oficialmente na Convenção de Wilhemsbad em 1782 e, de lá para cá temos:
Lojas Azuis, ou de São João: 1) Aprendiz; 2) Companheiro; 3) Mestre. Lojas Verdes: 4) Mestre Escocês de Santo André. Ordem Interior: 5) Escudeiro Noviço; 6) CBCS (Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa)
Frise-se que estes, e apenas estes, são os graus do RER. O último grau dito maçônico, é o de Mestre Escocês de Santo André. Muitos chamam as classes de Escudeiros Noviços e CBCS, de altos graus do RER. Isso é errado, pois o certo é a denominação de “Ordem Interna ou Interior”.
As Lojas Azuis são administradas por uma Potência Simbólica, e as Lojas Verdes assim como a Ordem Interna estão afetas a um Grande Priorado Retificado.
No Convento de Wilhemsbad, J.B.Willermoz encontrou forte apoio nos Príncipes Ferdinand de Bruswick e Charles de Hesse, mas encontrou forte oposição por parte dos Iluminati da Baviera (barão Knigge e outros) e a hostilidade de François de Saint-Amand, representante dos Philaletos e de Savalette de Lange. Depois de calorosos argumentos, Willermoz e os que o apoiavam tiveram êxito e o título de
Cavaleiros Benfeitores (C.B.C.S.) foi definitivamente adotado pelos membros da Ordem Interna. Os graus secretos de Professo e Gran Professo desapareceram oficialmente. A Revolução Francesa interrompeu a tarefa de Willermoz e nesse tempo houve muita perseguição aos maçons do RER. Talvez pelas arestas originadas na disputa havida no Convento de Wilhamsbad, entre Iluminatis e CBCS. Os Templos “Retificadores” dos C.B.C.S. e dos Elus-Cohen ainda ativos tiveram que se encerrar ou se ocultar, e os Irmãos se dispersaram por toda a França.
Depois da Revolução, em 1806, os C.B.C.S. se fizeram ativos de novo na França e se uniram ao Grande Oriente da França, com o qual a Estrita Observância tinha relações amistosas. Em contrapartida os Elus-Cohen não haviam reiniciado oficialmente seu trabalho e seu último Grão Mestre foi Sebastian de Las Casas.
Nesta ocasião quem detinha o controle do RER e a faculdade de conceder as cartas-patente era o Diretório de Estrasburgo, que pertencia à V província da Borgonha que, em 02 de agosto de 1828 cessou as suas atividades e transferiu os poderes para o GPIH – Grande Priorado Independente da Helvetia na Suíça. Até hoje o GPIH é o verdadeiro guardião do Rito.
Vale observar que a maior parte dos documentos históricos do RER estão em poder da Biblioteca Municipal de Lyon na França, do GPIH na Suíça, da Loja Union des Coeurs de Genebra, e em bibliotecas particulares na Suíça.
Em 1903, dez maçons da Loja Centre des Amis de Paris estiveram em Genebra e foram armados CBCS. Assim o Rito voltou para a França.
Em 1935 o Grande Priorado Independente da Helvetia cria a Prefeitura de Paris, e, ato contínuo, concedeu uma carta-patente para os Irmãos parisienses, criando o Grand Prieuré de Gaules (Grande Priorado das Gálias).
Inicialmente o Grande Priorado das Gálias trabalhava normalmente, deixando, como deve ser, a administração das Lojas Simbólicas para uma Potência Simbólica. Em dado momento passou também a administrar Lojas Simbólicas e por isso foi declarado irregular. A situação de irregularidade piorou ainda mais, quando na década de 1990 e 2000 o GPDG passou a incorporar outros Ritos, como o Rito Moderno, o Rito Escocês, além de KT e Malta. Misturou RER com outros Ritos e graus que não são da alçada de um Grande Priorado Retificado, gerando com isso uma situação no mínimo esdrúxula e irregular. O RER é diferente e independente de outros
Ritos e sua administração ou controle não pode estar subordinada a corpos que contenham outros Ritos, e muito menos a Corpos Simbólicos.
O Grande Priorado das Gálias está estabelecido em diversos países, como França, Espanha, etc, e se arvora em guardião do Rito. Isso não é verdade, ainda que seus Rituais sejam puros e corretos. O verdadeiro guardião do Rito é o Grande Priorado Independente da Helvetia.
As Lojas Simbólicas devem ter a sua administração subordinada a uma Grande Loja ou a um Grande Oriente e, as Lojas Verdes e Ordem Interior, devem estar afetas a um Grande Priorado Retificado, que seja absolutamente autônomo e independente de qualquer sociedade ou corpo maçônico. Isto é o que se impõe.
O RER está delineado e se pauta pelos regramentos estabelecidos pelos Conventos de Lyon e de Wilhemsbad e nada mudou até agora, permanecendo puro desde sua origem.
No Brasil o Rito está presente através do GPRB – Grande Priorado Retificado do Brasil, que recebeu a sua carta-patente do GPIH – Grande Priorado Independente da Helvetia no dia 07 de setembro de 2008.
A Ordem do CBCS é uma Ordem secreta e, no dizer de alguns escritores pode ser considerada o “nec plus ultra” da Maçonaria.
E é uma Ordem realmente secreta. Não é discreta, é secreta. Seus rituais, até agora, são conhecidos apenas pelos Oficiais do Regime. Os próprios CBCS têm apenas as instruções.
A armadura de um CBCS só pode ser realizada por um Grão Prior e Grão Mestre Nacional em exercício que, frise-se não pode delegar essa tarefa para ninguém. Vale dizer que o Grão Prior Adjunto, ou Passado Grão Prior não podem realizar armaduras.
O Rito é fundamentalmente Joanita. Está ligado à mensagem de Amor e Tolerância do Novo Testamento sem detrimento da Justiça vinculada pelo Antigo Testamento. Está ligado à “Tradição Templária” em termos de Herança Espiritual e próximo da “Gnose Cristã”. Não é um Rito vinculado a qualquer religião ou denominação religiosa, é um Rito Cristão no sentido filosófico do termo, e se traduz num aprofundamento do estudo e prática da doutrina esotérica cristã e à total adesão aos princípios e tradições, tanto maçônicas como cavalheirescas. É provavelmente o Rito mais próximo da Maçonaria Operativa de origem Medieval. Ou seja da Maçonaria anterior a “24 de Junho de 1717”.
O RER tem uma exposição doutrinal completa, mas em síntese pugna pelo aperfeiçoamento do indivíduo pela prática das virtudes com o fim de aprender a vencer as paixões, corrigir os defeitos e progredir na via da realização espiritual; A total dedicação à pátria e ao serviço ao próximo; A prática constante de uma beneficência ativa e esclarecida a todos os homens, sem importar qual seja a sua raça, nacionalidade, situação, religião e suas opiniões políticas ou filosóficas. O R.E.R. propõe a realização espiritual como finalidade a cada um de seus membros, facilitando-lhe os meios para consegui-lo, e em converter-se em homens verdadeiros, em templos do Criador .

 

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